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						Em criança 
						era viciada em televisão e livros de aventura. 
						Imaginava-me nas complicadas situações em que os heróis 
						se envolviam e pensava em soluções ou modos de actuar se 
						algum dia me acontecesse o mesmo. 
						
						E se 
						houvesse uma guerra?...e se fosse dar a uma ilha 
						deserta?...se precisasse de explicar a minha civilização 
						a uma cultura alienígena?...E se a civilização 
						tecnológica de repente falisse?... 
						
						Estes 
						pensamentos levaram-me a querer dominar tecnologias 
						elementares, a aprender a desenvencilhar-me sozinha. 
						
						As 
						preocupações que eu tinha com a auto-suficiência 
						despertaram-me a vontade de saber fazer coisas e ainda 
						hoje a aprendizagem do saber fazer constitui uma das 
						engrenagens que move o meu trabalho de escultora. 
						
						Outra 
						característica relacionada com a auto-suficiência é a 
						capacidade de fazer algo com o que se tem à disposição. 
						A aplicação deste principio tem acompanhado desde sempre 
						o meu trabalho. 
						
						Ao longo dos 
						anos tenho tido várias oficinas. Esta instabilidade 
						geográfica e a respectiva condicionante dos vários 
						espaços que tenho habitado reflecte-se no meu trabalho. 
						
						Tive 
						oficinas em que podia fazer barulho e “estragar” o 
						espaço à vontade, nessas predominou o trabalho em ferro. 
						Noutras podia sujar mas não estragar e então desenvolvi 
						os conhecimentos em gesso e betão a par da modelação em 
						barro. Naquelas em que o espaço era pouco, desenvolvi 
						trabalhos mais pequenos e pormenorizados e estudei 
						materiais de modelação alternativos mais apropriados ao 
						pequeno formato. 
						
						Sempre 
						encarei os condicionantes físicos do espaço oficinal 
						como desafios a modos de fazer e pensar diferentes e não 
						como limitações intransponíveis. 
						
						   
						
						Dentro do 
						vasto campo que é Escultura tenho atitudes e modos de 
						fazer diferentes de acordo com vários tipos de situação. 
						
						
						Escultura em ferro 
						
						Quando 
						trabalho com ferro (o meu material de eleição) tenho 
						geralmente como ponto de partida as estruturas ósseas. 
						 
						
						Aprecio os 
						esqueletos como esculturas da natureza, composições de 
						formas maciças e delicadas que se conjugam em harmonia. 
						
						A partir das 
						imagens fotográficas de um esqueleto utilizo o desenho 
						como ferramenta para a compreensão e interiorização das 
						formas, em seguida utilizando o ferro e a sua linguagem 
						reconstruo as estruturas. O ferro trabalhado permite 
						mimetizar a aparente fragilidade das estruturas 
						naturais. 
						  
						
						Estudos e Impressões 
						
						Tenho 
						trabalhos que são estudos e registos de impressões. O 
						equivalente em três dimensões aos esquissos num caderno.
						 
						
						 Geralmente 
						faço estes trabalhos em barro e quando gosto do 
						resultado passo à fase seguinte do gesso e do bronze ou 
						do betão. Quando não gosto, coloco o barro no caixote 
						para reciclar. 
						  
						
						Encomendas 
						
						Quando 
						trabalho em encomendas acordo com o cliente os temas e 
						materiais e geralmente utilizo o desenho para registar 
						ideias e apresentar a proposta final. 
						
						Tento sempre 
						manter o trabalho de escultura o mais próximo possível 
						do desenho final de modo a honrar as expectativas do 
						cliente. 
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